Por Bárbara Ivanov, estudante de Pedagogia/UFRGS
Qual o espaço atual da juventude em Porto Alegre? Nos últimos
meses presenciamos o fechamento dos principais espaços de convivência da
juventude. A cidade baixa e centro tem se tornado palco de criminalização de
seus frequentadores: com opressão, limitação sem justificativa e em
consequência gerando um espaço para violência da classe burguesa sobre os
jovens com o uso da repressão militar.
Na noite de hoje a juventude se reunia na escadaria da
Borges, como tem acontecido nos últimos dois meses desde o fechamento do Bar Tutti
Giorni, sendo uma forma de resistência e demarcação do seu
espaço. Objetos como madeiras, garrafas plásticas e de vidro foram lançados por
moradores do HOTEL EVEREST,
em direção aos jovens estudantes e trabalhadores que confraternizavam no local,
sem maiores ruídos. Primeiro lançaram uma madeira que ninguém atingira, assim
muitos já deixaram o ambiente. Em seguida, lançaram
uma garrafa de vidro, da altura do 12º andar, que atingiu uma das minhas colegas no ombro
direito, por muito pouco não pegou em sua cabeça podendo causar uma lesão
fatal.
Em pouco tempo a Brigada chegou
ao local, com certeza! Os policiais entraram no hotel e na saída mencionaram
muitas vezes a expressão “E DEU!” buscando finalizar a discussão e qualquer
tipo de diálogo, exemplo: “não encontramos o morador, E DEU”... “ela (a vítima)
prestará um depoimento E DEU”... “ninguém saiu muito machucado E DEU”...
Indignação total! Ao final da
conversa, depois de ouvir tudo aquilo, não conseguia parar de tremer diante da
inercia imposta pela incapacidade de fazer algo e a polícia, por sua vez,
deu o assunto como encerrado.
Diante destes acontecimentos,
ficam alguns questionamentos...
Por que são fechados os bares
frequentados pelos jovens trabalhadores? Não haverá uma ligação com a
política de higienização da cidade? E a ligação com interesses políticos?
Creio que há interesses
políticos em afastar e segregar a juventude pobre do centro da cidade tentando
silenciar as vozes dos movimentos sociais e culturais.
São dias como estes, que me
fazem perceber a importância da mobilização da juventude para garantir seus
direitos ao lazer, a cultura, a educação e a liberdade de expressão.
Portanto seguimos ocupando o
que é nosso!!!
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