terça-feira, 31 de julho de 2012

Unificar as lutas, identificando nossos verdadeiros inimigos!


Fotos: Pedro Rubleski

Por Matheus Gordo

Hoje, novamente tivemos a certeza de que o momento que estamos vivendo é histórico. A Greve Geral dos Servidores Federais está mais forte do que nunca e já é uma luta que nos proporciona diversas lições. É a partir desse setor importante do nosso país (que abarca trabalhadorxs da educação, saúde e diversos serviços públicos), que se unificam as pautas da juventude e do conjunto da classe. Pela manhã fizemos um ato com cerca 400 pessoas, que trancou por mais ou menos uma hora a Ponte do Rio Guaíba, na entrada da cidade.

Foi uma ação radicalizada, necessária frente à continuidade da intransigência de Dilma. Como lembrou a companheira Vera Guasso, há cerca de 10 anos isso não acontecia em Porto Alegre. Já são quase 3 meses de greve e o governo demonstra o seu total descompromisso com a população, pois as propostas apresentadas são rebaixadas, não contemplam anos de perdas salarias e precarização do serviço público. Além disso, as negociações foram suspensas pelo governo, o que impossibilita a volta ao trabalho!



Grevistas de cerca de vinte órgãos públicos estiveram presentes, com o apoio de estudantes, bancários, professores do estado, municipários. O movimento negro também se unificou na luta e a pauta da defesa das cotas e do Quilombo Rio dos Macacos na Bahia esteve presente. Eram muitas vozes diferentes, fazendo um barulho tremendo e expondo com orgulho o caráter nacional da mobilização, dessa vez a grande imprensa não conseguiu ignorar.

O bloqueio da mídia é algo impressionante. Eles não divulgam as ações realizadas e ignoram as pautas dos grevistas diariamente nos noticiários. Quando são obrigados a fazer a cobertura e (teoricamente), informar a população, fazem de tudo para criminalizar o movimento e favorecer os governos. A grande mídia é adversária central das organizações sociais e políticas que atuam de forma independente, pois eles disputam a consciência da classe conosco! As matérias veiculadas pelo Grupo RBS são as mais bizarras: na internet, no rádio e na televisão (almoço com o JA e janta com o JN). Hoje inclusive citaram os integrantes do DCE como suposto “depredador do patrimônio público”, quanta mentira!

A questão é que quando as coisas se acirram, a disputa se torna evidente e fatos incomuns e um tanto complexos começam a acontecer. Hoje, durante a mobilização, um grupo com cerca de 200 motoqueiros se aproximou da barreira corporal feita pelos manifestantes. Me pareceu que a Polícia Rodoviária liberou a passagem deles prevendo a confusão, mas enfim, eram 8h30 e já estávamos lá a cerca de uma hora, já iriamos seguir com o ato para o Centro. Mas, infelizmente alguns não quiseram esperar e exigiram a liberação da estrada de forma agressiva.

Tentávamos explicar com calma para a galera: “essa mobilização é em defesa do conjunto dos trabalhadores”, “é por vocês, pela saúde e a educação pública e de qualidade”. Muitos eram os argumentos, mas foi difícil segurar! Houve um princípio de tumulto, mas que conseguimos evitar com um acordo, liberando por um momento parte da estrada para o grupo. De qualquer forma, ficou evidente o motivo do stress: eram muitos jovens trabalhadores, grande parte constituídas por negros, super explorados diariamente, que arriscam suas vidas nesse trânsito maluco. Ganham por hora, por isso a pressa. A angústia deles era a mesma que a nossa, ou seja, garantir melhores condições vida.  O inimigo também era o mesmo, os governos e empresários sanguessugas. Mas isso, por hora não conseguimos explicar.

Por vezes despejamos nossa raiva no alvo equivocado, acredito que foi o que ocorreu hoje. Mas eu sou esperançoso, sei que vamos conseguir resgatar a solidariedade entre a nossa classe. Entendo que não é fácil, ainda mais quando aqueles que protagonizaram as últimas lutas que paravam estradas e tinham naquele momento tinham grande confiança da população, são os que hoje estão no governo, aplicando as medidas de austeridade e envolvidos em escândalos de corrupção. Esses ensinam diariamente a ideia utópica da conciliação de interesses entre as classes, além de pregar a dependência entre as nossas organizações e as deles, grande desserviço! 

É parte importante de nossa tarefa nessas eleições ajudar a classe a enxergar o seu verdadeiro inimigo! É possível retomar a confiança em nós mesmos, voltar a acreditar que é possível mudar. Precisamos ter força e paciência e o dia de hoje é prova do tamanho do nosso desafio, é a hora de continuar nos mobilizando nas ruas e dando o troco nas urnas!



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